Mudança
Essa é, provavelmente, a maior mudança que terá a minha vida. Não estou apenas mudando de cidade, mas mudando de companhias, de sociedade, de cultura, mudando tudo. É extremamente inquietante não poder dizer que sim ou que não, onde moro ou não moro, quem me considera, quem não liga e quem já não gosta de mim. O fato é que tudo poderia ter sido bem mais claro se eu tivesse ficado aonde estava, algumas coisas teriam se transformado, mas outras permaneceriam as mesmas. Aqui, eu sou um refugiado, um "completo desconhecido".
Até eu me estabelecer, fazer bons amigos aqui, ter um lugar pra chamar de meu - mesmo que seja um "apartamento" de 15 m² - conhecer um pouco mais essa cidade infronteiriça, tudo será um grande "e se". E se eu conheced a cidade, e se eu achar uma casa, e se eu fazer amigos, e se eu me estabelecer? É um território instável, daqui até lá (se chegar lá) eu não terei a certeza de nada, nem mesmo das minhas próprias emoções.
O refugiado do "ddd 061" continua navegando por esses mares incertos, apenas certo de que desembocou de um calmo rio para uma agitada baía, vendo de longe o profundo mar e a barra que terá de atravessar ou naufragar, assim como vê também o leito tranquilo que está deixando pra trás. Talvez não seja apenas a mudança de cidade, sabe, mas a mudança de um ciclo: serão mais responsabilidades, mais realidades e outros mundos, e, às vezes, como me ensinou "Dias Perfeitos", alguns mundos simplesmente não são compatíveis.
Em retrospectiva, talvez tenha feito as coisas rápido demais, decisões precoces, colocado as vontades dos outros na frente das minhas próprias. Em suma, talvez eu tenha cometido um erro. No entanto, quem sabe? O "e se" abre espaço tanto para o "sim" quanto para o "não", e é muito fácil se voltar para o medo quando o chão já está tremendo. Tenho que de lembrar das pessoas maravilhosas que conheci em menos de uma semana, tenho que ter paciência para deixar aflorar amizades preciosas do cimento dessa cidade. É muito fácil prever as falhas quando se sabe que, para falhar, o mínimo é mais que suficiente. Difícil mesmo é der feliz sem saber como será o dia do amanhã. Agora ou nunca é que dou as mãos para Deus e para Kiekergaard para dar o meu "salto da fé" nessa selva de pedra: caótica, confusa, e, sobretudo, infinita.
Bernardo Medeiros Santos
12:07
03/03/2025
(texto revisado 2x)
Em tudo na vida, o "e se" sempre vai existir. Faça o que tem de ser feito, viva o agora e seja feliz. Serão anos seminais, viva-os intensamente.
ResponderExcluir