mais ou menos um agradecimento

 

Esse vai ser um texto curto. São dois motivos: 1. são 22:07 da noite e eu urgentemente preciso dormir; 2. esse é um texto que eu já venho querendo escrever há um tempo, mas de tão singelo que é, acaba se tornando curto e simples. E textos curtos e simples são sempre necessários, até porque, como o tema de hoje, tem coisas que, se alongadas, perdem o seu caráter.

Acho engraçado como, muitas vezes, deixamos para agradecer uma coisa depois de a recebermos. Uma lógica meio capitalista: antes ganhamos para depois pagar. Então, o agradecimento de uma ação vêm quase sempre depois do ato. Por outro lado, pode não fazer muito sentido defender que se deve dizer “muito obrigado” antes do “um café gelado, por favor”, e realmente não faz. Não faz sentido por uma série de motivos, às vezes o seu interlocutor vai ser grosso com você, ou o serviço será ruim, ou mesmo o produto a ser entregue vai deixar a desejar. Em casos mais pessoais, pode ser que você esteja falando “te amo” para alguém que simplesmente não te reconhece. Sim, foi um pulo muito grande de um exemplo pro outro, mas amar alguém não deixa de ser um agradecimento, um reconhecimento. E, não, isso não foi um caso pessoal, apenas uma demonstração.

Dito tudo isso, aonde eu quero chegar?

Eu queria agradecer por tudo que eu estou vivendo, mas, ao mesmo tempo, sem agradecer. Durante o mês em que minha vida mudou completamente, se passaram muitas experiências, algumas das quais prefiro esquecer e outras que quero lembrar, para sempre. Queria agradecer os meus amigos, tanto os antigos quanto os novos. Os antigos por me apoiarem nessa jornada e não largarem a minha mão mesmo à quilômetros de distância, até mesmo vindo passar o Carnaval comigo e aturando o meu ocasional mal-humor. Esse é um agradecimento completo, porque já se passaram, no mínimo, quatro anos (e, no máximo, uns doze) desde que eu os conheço. Um amor a mais não vai fazer ninguém sair correndo. Aos novos, vai um meio-agradecimento. Não porque eu considero todos meus "haters" - embora tenham favoritos para o cargo - mas porque eu não quero fazer um agradecimento completo tendo se passado somente um mês dos quarenta e oito que ficaremos juntos. O clima não é de despedida, e, logo, não é de agradecimentos. Tudo começou agora, e não quero deixar esse clima de amor no ar enquanto temos tanto tempo para brigar. 

Para ser sincero, não tenho muito mais a agradecer. Claro, tem a minha família, mas eu espero que seja óbvio para eles que eu os amo. E, querendo ou não, eles ainda são meus amigos, embora me dêem bronca se eu ficar sem responder o celular por metade de um dia. Por enquanto, me bastam as pessoas. Elas não somente me bastam, como me surpreendem. Acho que, quando fiz a minha apresentação no grupo do whatsapp de jornalismo, eu falei que estava animado para conhecer as pessoas. E, no curso, elas não decepcionaram. Fico triste quando escuto amigos meus que não gostaram dos seus veteranos, porque eu sei o que eles estão perdendo. Na verdade, por mais chato ou insistente que eu possa ser para eles, todo dia eu sei e sinto o que meus amigos estão perdendo.

O mais incrível vêm agora: eu sei que vocês estão lendo isso. E talvez seja o que mais me admira em vocês. Talvez daqui a seis meses ninguém mais acesse esse blog, mas eu sinceramente não ligo. No início, fiz isso para me forçar a escrever toda semana, sem esperar que fosse me dar uma retribuição tão grande. E, hoje, eu estou escrevendo isso sabendo que alguém vai ler. Talvez eu esteja sendo um coitado, um emocionado, mas é impossível disfarçar o bem-estar que sinto ao ver alguém segurando um celular com o meu blog aberto, ou ao comentar sobre o post comigo. Por isso eu queria agradecer, ou, ao menos, agradecer pela metade. A outra metade eu pago com um agradecimento completo e um jantar pré-férias no bandejão.

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